top of page
Posts Destacados

Teoremas de Katlen



SEU OLHAR ESTAVA SEMPRE REPLETO DE DÚVIDAS, MAS RARAMENTE, repleto de suposições. Havia nele ares de quem via o mundo num colorido intenso e incomum; era reluzente e recarregava qualquer bateria. Havia graça, e lampejos de inocência, não muito diferente de pinturas feitas por uma criança.

Considerava que o "talvez" fosse a pior de todas as prisões, a fronteira entre a calmaria e o tormento, entre o pranto e o riso, entre a melancolia e o contentamento... E era provável que residisse aí, um impasse ou revés, talvez um de seus maiores dilemas, senão o maior deles. Conservava em si, a dádiva (ou a ruína) de sempre acreditar no melhor das pessoas, e que em algum ponto, tudo daria certo, sem que houvesse a necessidade de ser no final. Aquilo a derrubava e a engrandecia em proporções similares, e com tamanha intensidade, que ora chegava a ser cruel ora a ser milagroso. Era surpreendente. E sem perceber, fui contagiado por isso. Ela cruzava as pontes do orgulho e da indiferença, com um sorriso escancarado, estampado no rosto. Magnífico, grácil, como uma menina encantada com seus baloões. E bailava, quase pairando no ar, como um beija-flor. – Talvez como um helicóptero, ela não era tão sutil assim. – Perdia-se e encontrava-se constantemente nas entrelinhas de seus próprios pensamentos.


Não sabia para onde ir, não tinha mapa nem bússola, mas sempre estava em algum lugar, e sabia inconscientemente onde deveria estar e o que fazer, e quando não, apenas sorria. E ao formular seus postulados, mesmo não crendo na veracidade de suas próprias respostas, via todos os dias frente ao espelho, bem ali, ante seus olhos quase sempre assustados, a resolução de seus próprios teoremas.


Publicado por Robson Rodriguez

Posts Recentes
Siga
  • Google+ Reflection
  • Facebook Reflection
  • Instagram Reflection
  • Twitter Reflection
bottom of page