Luzes de Fernanda

ELA PERTENCE ÀS DECLARAÇÕES SILENCIOSAS, às peripécias e aventuras que vive na solidão de seu quarto, e à sonhos em constante movimento, com mochila nas costas e passos firmes na estrada do pensamento.

Seu amor pulsa mais forte pelas ruas e detalhes de Paris. Ouso dizer até, que se seu sorriso fosse uma cidade, seria para mim, a cidade luz.

Ela pertence aos lugares em que nunca esteve. Não se entrega tanto, pra depois não ter que sentir falta de si mesma. É lúcida em suas loucuras. E quando a vida aperta e se tornar uma barra, ela respira fundo, coloca as anilhas, apoia nas costas e agacha.

Sua ternura por gatos é uma canção poética.

Ela é alguém cuja definição em dicionários não existe. Possui uma sensibilidade imensurável, não há sinônimos ou adjetivos que a justifiquem. Ela é apenas ela. Inteira, sem metades ou frações.

Quando seu sorriso abre, me vem na cabeça o solo de "Sweet Child O' Mine - Guns N' Roses". É quando me desarmo e me abstenho da droga que é o desapego, e sinto meu peito disparar. Ela acende meu amor mais teimoso. Ela é sensível em suas lonjuras e forte em suas aproximações.

Ela é o pote cheio de moedas que guardou para aventuras planejadas nas noites antes que o sono chegasse. Ela é passaporte, ponto de partida e destino, mas nunca permanência.

Ela é um jardim florido, repleto de perfumes exóticos e ao mesmo tempo, peculiares. Um jardim pouco explorado, repleto de cores e sensações novas. Um jardim suspenso, cujas raízes só são profundas no que diz respeito a intensidade daquilo que pode ser sentido, embora saiba que nada é permanente, embora saiba que nada dura para sempre.

Seu amor próprio é tão teimoso quanto certo, e a torna forte ao mesmo tempo que a faz vulnerável, a edifica e a desmonta. Um amor que germina a partir dos raios de sol que vem do seu próprio sorriso. Seu amor parece ser auto suficiente, e isso me fascina.

Seu amor me traz ALEXITIMIA. Segue essa coisa de "atirar primeiro, perguntar depois", mas amor é isso, o arauto da boa nova, o prenúncio de tudo que é eterno enquanto dura, o suspiro da surpresa das coisas que chegam sem avisar, e é isso que o torna inefável.

Publicado por Robson Rodriguez