O Imediatismo de Priscila

O SORRISO DE PRISCILA ERA SUAVE E ASSÍDUO. E imagina só, sua boca costuma vestir-se constantemente de batons marcantes. O da vez tem cor rosa cetim. É incrível, você tem que ver. Ela mantem firmes e seguras às rédeas da própria vida. E para ela, a pessoa certa é aquela que te faz feliz agora.

Talvez eu nunca conheça alguém tão imediatista quanto ela. Ela pertence a geração miojo, não perde tempo com nada, com ninguém, quer tudo pra já. Sua beleza vem das pérolas negras que são seus olhos, e desse sorriso continental que ela exibe sem dó nem piedade de segunda à segunda.

A alegria era sua 'necessaire' favorita. Nunca saia sem ela. E quando sentia-se presa a sensação de que podia ser mais, vestia sua armadura de princesa guerreira e ia para a guerra contra seus próprios demônios. Ela sempre os vencia.

"Sofro de imediatismo, o depois não me interessa.", era o clichê que ela usava contra mim sempre que podia.

Priscila tinha nos olhos, uma necessidade de desafios, e desejava a ferro e fogo um estímulo, por menor que fosse que a fizesse seguir em frente.

Ela era apaixonante de tão irritante. E fazia ambas as coisas com maestria. Tinha mania de bagunçar a vida dos outros em busca da organização da sua. Para ela não existia jeito certo ou errado, apenas existia o seu jeito.

O amor era uma urgência, algo pra ontem.

E com ela aprendi que o imediatismo é o algoz de qualquer sonho. Ele constrói castelos de alicerces frágeis, pontes que caem facilmente, e estradas que não nos levam muito longe. A pressa exacerbada em ser feliz não deixa germinar as sementes do amor que tende a morrer precoce. Eu tentava regrar a sede dela. Afinal, na vida a dois, quando um é imediatista, nem um dos dois tem razão, porque a pressa é inimiga do coração.

Publicado Por: Robson Rodriguez