#PERFIS

O Laranja.

 

Ela tem aroma de fruta fresca recém-colhida do pé... Mas, quase sempre é um tanto inalcançável para mim. Suas mãos macias passeiam em meu corpo ao mesmo tempo em que sinto minha solidão ao partir.

 

E quando me deixa, só resta o sabor. O gostinho do quero mais, do ‘volta logo’.

 

Era instintivo o desejo. Era um querer incontrolável, e a cada ligação fora de hora, rendia-me. Vamos à colheita desses sentimentos juntos num quarto onde as paredes são nossos universos. Sua constelação vivendo em minha galáxia, mas como tudo tem seu fim, as estrelas também morrem.

 

E os frutos amadurecem... Por vezes, até caírem do pé ao chão encontram a podridão... Viram adubo.

 

Dela, eu só tinha o momento, o resgate, a fuga... Fora de hora, fora de ordem, me invadindo e se esvaindo.

 

Pode ir.

 

Mas voltava. Frágil, carente, sozinha... Sempre indo e vindo de minha vida como o vento que bate nas folhas, derrubando as mais frágeis. Derrubando-me no leito, adubando-me à semente e novamente... Indo embora.

 

‘Que confusão, moça. ’

 

Se ela não sabe o que deseja ser, se é o intermédio do vermelho e amarelo, não sei. Eu só sabia que a queria, da forma que se expressasse.

 

Da forma que me quisesse. Cítrica, doce, amarga... Minha.

 

Por hora.

Perfis - 002