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1ª TEMPORADA

SINOPSE

DURANTE AS SEMANAS QUE SUCEDERAM O OCORRIDO, andei tendo alguns pesadelos com aquela bolsa, dá pra acreditar? Por várias noites seguidas eu me via caindo num abismo escuro, repetidamente, ao passo em que objetos femininos orbitavam ao meu redor.

 

Era tudo muito louco e em alguns momentos achei que estivesse perdendo o pouco de juízo que me restava. Ao todo foram três semanas, quase todas as noites, ou pelo menos, nas que eu conseguia dormir. E numa noite qualquer, os pesadelos simplesmente se foram, assim, num estalar de dedos, como mágica, mas isso não vem ao caso agora.

 

Como é de se esperar, digamos que... Bem... Eu não era lá um exímio investigador, ou nada do gênero, honestamente, nada mesmo. Talvez até me enquadrasse na detestável categoria de bisbilhoteiro, mexeriqueiro, ou sei lá o quê, porque no fundo, era exatamente isso que eu estava sendo.

 

O grande fato é que aquela garota não conhecia a definição de básico. Sua pequena e volumosa bolsa evidenciava isso a cada descoberta que eu fazia. E me impressionava tudo aquilo, quanto mais eu fuçava, mais eu descobria.

Então, Eu meio que fui forçado a dar um “sessar fogo” depois de descobrir o que precisava saber naquele momento, talvez fosse o suficiente pra mim, mesmo que não fosse tão suficiente assim.

 

Seu Nome e Sobrenome, bem como a idade e outras coisas mais, o documento de identidade dela, – Que por sinal precisava de uma foto nova – me revelou, como era de se esperar.

 

Cartas dobradas e separadas, com remetentes diferentes revelaram um possível divórcio dos pais; – Levando-se em consideração que eram de cidades e estados diferentes – havia também duas fotos, uma em família, que a julgar pelos enfeites e presentes ao pé de uma árvore, deveria ser Natal. – Obviamente, Páscoa é que não era... – Ela estava entre um casal que aparentava ter entre cinquenta e sessenta anos, provavelmente seus pais, ou pessoas bem próximas a ela, o que me levou a crer que ela era filha única, ou algo assim; a outra foto, estava datada de quatro dias atrás, numa petshop abraçada com um Golden Retriever e uma frase escrita à mão na parte de trás que dizia: “Tito e Eu...”. Isso me fez deduzir que o cão pertencia a ela.

 

Prosseguindo com o meu “momento Sherlock”, notei que dentro da bolsa havia um cartão de visitas de um restaurante, charmoso, elegante e cheio de detalhes, com seu nome gravado, precedido da palavra “Chef”. O signo e o estado civil eu pude presumir ao ver uma dessas revistinhas mensais de horóscopo em sua bolsa.

 

Assim como quase tudo que encontrei ali, aquilo me intrigou. Alguém de 26 anos que lê esse tipo de revista? – Sabem-se lá quantas estantes repletas de livros de autoajuda ela teria em casa. – Mas o que mais me intrigou foi ver uma página marcada, e nela um trecho que fala sobre o signo de touro parcialmente grifado, e curiosamente a parte grifada mostrava uma possível afinidade com o signo de escorpião...

 

Afinidade com escorpião, escorpião... Espere um momento! Não sou muito ligado nesse tipo de assunto, e confesso até que acho meio tosco, mas de tanto ouvir aquelas solteironas do escritório falarem sobre o quão possessivas são pessoas desse signo, acabei aceitando – Não que eu precisasse aceitar, eu só deixei em “stand by”, pra evitar tumultos... e espero que seja só uma coincidência, pois eu sou do signo de escorpião!

 

Isso é alguma espécie de perseguição? – pensei comigo - Meu Deus... Não era possível... Eu só podia estar sonhando, mas não... Havia coincidências demais. Quase surtei com tudo aquilo. De alguma forma dava pra sentir o cheiro de encrenca a quilômetros de distancia dali.

 

Por um breve momento fiquei tenso... Então respirei fundo, fechei os olhos e contei até dez. E ainda meio assustado, fui colocando tudo minuciosamente no lugar e fingi que nada havia feito e que nada estava acontecendo.

 

Eu me questionava e pensava a respeito do quão psicótica poderia ser aquela garota. Arrumei a bagunça, ou pelo menos tentei amenizar a situação. Enfim... Ainda pensei desvairadamente em voltar pra cama, mas reconsiderei o pensamento e cautelosamente dei a volta, me dirigi contando os passos até a cozinha e me acomodei por lá mesmo. Eram tantos os pensamentos, que achei melhor não pensar tanto.

 

Mas de alguma forma eu pressentia que não era um bom sinal, que talvez fosse o profético e agora não tão engraçado, inicio do fim...

 

A Ressaca - 002

Publicado em 08 de setembro de 2015 por Robson Rodriguez

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