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1ª TEMPORADA
SINOPSE
OLHEI DE RELANCE ENQUANTO ELA SE VESTIA, e não pude deixar de perceber que ela usava uma calcinha boxer rendada. Naquele momento a cor me parecia irrelevante. Porque... Convenhamos, existem poucas coisas no mundo que me deixam louco, e mulheres usando calcinha boxer rendada, é sem dúvidas uma dessas coisas.
A caminho da cozinha, ela deu uma breve corrida e montou sobre as minhas costas, beijou levemente meu pescoço e em seguida assanhou meu cabelo com uma de suas mãos. Naquele instante, já não me parecia tão embaraçosa aquela situação, e mesmo que eu já não me incomodasse nenhum pouco com a sua presença, tudo aquilo era surreal para mim, afinal, eu não fazia a mínima ideia de como a conhecera.
De qualquer forma, era agradável e um tanto divino o cheirinho dela que ia se espalhando lentamente pelo meu corpo.
Chegando a cozinha fiz questão que ela se acomodasse enquanto eu lhe preparava aquele capuccino delicioso que aprendi a fazer numa dessas receitas que gente solteira encontra nesses sites da internet. Ela curtiu pra caramba. Mas é bastante óbvio que eu menti quando ela perguntou onde eu aprendera a fazê-lo.
Apreciando o cappuccino, ela buscava meu olhar o tempo todo. Ela me observava como se estivesse tentando gravar cada detalhe meu. De costas pra ela, eu separava e organizava os ingredientes, para preparar o almoço.
— Então... Você sabe meu nome, não sabe? — perguntei rompendo o silêncio.
— Claro Heitor, você me falou muito sobre você ontem à noite. — disse Ela
Queria poder dizer que era verdade, mas não lembrava mesmo. Ela sorriu, levantou-se da mesa, debruçou-se sobre o balcão da cozinha, buscou meu olhar e disse:
— Você não se lembra de nada do que rolou, não é? — Perguntou ela com olhar de malícia, mordendo acintosamente o lábio inferior.
— Não... Não mesmo. Quer dizer, por isso aqui dá pra ter uma ideia, mas não lembro muito bem. — Respondo mostrando os arranhões nas minhas costas, com cara de bobo.
— Então – ela vai explicando –, te encontrei junto ao balcão da boate, já no fim da primeira garrafa de vodca. Você estava sério e meio carrancudo, nada sociável. Apenas observei por um tempo. Até virei de costas, fingi retocar o batom e fiquei olhando pelo espelhinho. E quer saber? Me considero uma vencedora, depois de tudo que vi, acho que dei muita sorte.
— Uma vencedora? Deu sorte?- interrompo - Como assim?
— Bem, – ela continua – vi várias garotas irem até você e seguirem o mesmo padrão, falando no ouvido, pondo a mão em volta do seu ombro, essas coisas... E em algumas vezes, achei estranho você se assustar. Elas sorriam, daí então você virava de frente pra elas, fazia alguns sinais de mão, e em seguida, elas te beijavam no rosto e se afastavam completamente confusas. Então, depois de muito observar, decidi ir ao seu encontro e mudar os métodos, e também os resultados.
E então as lembranças começam a vir até mim, lentamente como pingos de chuva antes de uma tempestade. Faço ar de riso, e ainda de costas, lanço uma pergunta meio presunçosa:
— Oquei, então descreva seus métodos, por favor.
— Nem de costas você consegue fingir, é um péssimo mentiroso. – ela diz, caindo na gargalhada – Mas, vamos lá. Não me interrompa. Ao me aproximar, parei frente a você, sorri e me apresentei fazendo sinais de mão, só para ver a sua reação. Disse algo do tipo: "Oi, Tudo Bem? Meu nome é C-E-C-I-L-I-A. E o seu?". Percebi que ficou surpreso e um pouco curioso, mas respondeu: "Oi, Mais ou menos, dia difícil. Meu nome é H-E-I-T-O-R. Aceita uma bebida?". Conversamos assim por horas, e bebemos bastante também. Você me contou cada coisa... Quer mesmo saber de tudo?
Paro, viro para ela, respiro fundo, abro um sorriso contido... E então, a campainha toca.
A Ressaca - 005
Publicado em 08 de dezembro de 2015 por Robson Rodriguez